Estatuto dos pais é determinante para o salário dos filhos

11 Fevereiro 2010

Os salários dos portugueses estão mais dependentes do estatuto dos pais, revela um estudo ontem divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

O estudo avalia o grau de mobilidade intergeracional. Ou seja, a capacidade que os indivíduos têm de se afastarem do nível de rendimento da família.

Em causa está a existência (ou não) de uma efectiva igualdade de oportunidades. Com implicações a vários níveis, sublinha a OCDE. Sociedades com menos mobilidade correm maior risco de desperdiçar talentos. A falta de perspectivas pode, por outro lado, afectar a motivação e a produtividade, prejudicando, em última análise, o crescimento económico.

Portugal surge ao lado de Espanha como o país que revela a maior diferença entre o salário de indivíduos com pais licenciados e o das pessoas cujos pais não completaram o ensino secundário (ver gráfico). Por cada 100 euros que recebe o filho de pais com o secundário, o filho de um licenciado ganha 143 euros. Já o indivíduo com pais que não completaram o secundário recebe, em média, 76 euros, concluem os autores. A comparação baseia-se em dados de 2005 e tem em conta as diferenças entre os 14 países analisados.

“De acordo com este indicador, a persistência intergeracional é particularmente forte em alguns países do Sul da Europa e no Reino Unido, sendo menor nos países nórdicos, na Áustria, em França e na Grécia”, escrevem os autores.

A escola explica parte do problema. Quando os pais não foram além do secundário, os filhos têm, em Portugal, maior probabilidade de não conseguirem melhores qualificações. No acesso à universidade, a posição relativa de Portugal é menos expressiva.

O investimento na educação dos primeiros anos de vida da criança ou a atribuição de empréstimos e apoios sociais aos estudantes são algumas das políticas recomendadas pela OCDE. Já as iniciativas que promovem o agrupamento dos alunos de acordo com o seu estatuto socioeconómico só são recomendadas pela organização de Paris em fases tardias do percurso educativo.

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